17 de agosto de 2012

Poemas de Adonis




Amor

Amam-me o caminho, a casa
e na casa uma jarra vermelha
amada pela água,
amam-me o vizinho
o campo, a debulha, o fogo,
amam-me braços que trabalham
contentes do mundo descontentes
e os arranhões acumulados no peito
exaurido do meu irmão atrás
das espigas, da estação, como rubis
mais rubros que o sangue.
Nasci e nasceu comigo o deus do amor
— que fará o amor quando eu me for?


Canções para a Morte

1.
A morte quando passa por mim é como se
o silêncio a abafasse
é como se dormisse quando eu dormisse.


2.
Ó mãos da morte, alonguem meu caminho
meu coração é presa do desconhecido,
alonguem meu caminho
quem sabe descubro a essência do impossível
e vejo o mundo ao meu redor.





16 de agosto de 2012

Monólogo da Alma - Texto Concorrente à Prova Literária

Mediante autorização do autor, publicamos este texto participante na Prova Literária que decorreu na Feira do Livro deste ano. Ao autor deixamos aqui o nosso agradecimento.




Eu sou existência.
            Sem mim, a poderosa máquina que representa o corpo humano é uma casca vazia, um navio sem tripulação; a essência incorpórea que me constitui personaliza o meu hospedeiro, traçando-lhe o seu carácter, mantendo acesa a chama da vida, como a corrente de ar alimenta as brasas de uma fogueira.
Eu sou consciência.
            Mantenho activa uma base de dados, tal como um computador, contendo registos que permitem a esta entidade diferenciar o bem ou o mal, o que está correcto e o que representa uma transgressão, balancear as acções e as suas consequências, o que é ético e o que é amoral; o poder de sentenciar, como um deus;  a distinção entre agredir um semelhante ou magoar uma planta, destruir um ser humano ou matar uma formiga…
Eu sou força.
            É isso que impede aquele a quem sirvo de desistir perante os apuros da sua vivência; ainda que que tudo o mais falhe, represento a última muralha de defesa do ser humano, enquanto tal. Esse traço pode definir uma pessoa mais ou menos forte, mais ou menos resoluta, mais ou menos hesitante, mais ou menos confiante…
            Eu sou vários conceitos; espírito, coração, carácter, paixão…
            Mas serei eu imortal?
            Qual será o meu destino quando o corpo no qual eu vivo deixar de respirar?
            O meu eu intelecto analisa neste momento um trecho de um certo poema, esforçando-se por lhe atribuir algum significado e transcrevê-lo, na esperança de obter daí um resultado que seja a resposta que ele anseia, mas as linhas que observa apresentam-se difusas e ele tem alguma dificuldade em abarcar o verdadeiro sentido do seu autor. Através de uma pesquisa efectuada na grande rede que gere, manipula e unifica a informação mundial, ele consegue perceber que as palavras foram proferidas por alguém do sexo feminino, após a sombra da sua humanidade a ter abandonado. E dirige essas palavras a um seu semelhante, de sexo contrário. Mas na verdade, a intenção desses vocábulos é obscura. Terá sido o cetim propositadamente escolhido, para servir uma determinada intenção? E porque comparar o seu corpo a um traço no firmamento? Terá o autor decidido que estes termos comparativos seriam os ideais para esculpir a sua ideia?
            E que ideia imana do conjunto dessas chavões semânticos?
            No meu eu consciente, como uma aurora matinal, nasceu uma afinidade com a mulher do poema. Será que, da mesma forma que ela, após a morte deste corpo físico, as amarras do meu cativeiro quebrar-se-ão e eu serei livre para deambular no Universo, sem tempo contado, porque esse conceito não se aplica nessa dimensão? E quem é a mulher do poema? Terá realmente existido? Será um retrato estereotipado de alguma mulher do círculo de vivências do autor? Ou será uma musa do autor, a sua fonte de inspiração?
            De que trata realmente o poema, senão da morte?
            Por mais que se esforce, o meu eu intelecto não descortina as verdadeiras intenções do autor do poema, mas as conotações inerentes às suas linhas perspectivam algo obscuro, doentio, confuso, porque o conceito de morte está associado a tristeza, pesar, desordem, ainda que para alguns crentes numa nova vida a morte do corpo signifique uma passagem para outra dimensão, onde afinal tudo é belo e paradisíaco ou tudo é tragédia eterna, conforme nós cumprimos com mais ou menos proficiência a nossa missão na terra.
            Acredito que a imortalidade fará parte da nossa matriz. Como ela se manifestará, é algo que me transcende, pois a omnisciência não faz, invariavelmente, parte da minha essência. Talvez seja um pouco como o poeta descreve e eu deambule, acabrunhando alguém deste lado. Não o apreciaria, contudo, mas só Deus saberá no que me tornarei.
            Insatisfeito com a solução encontrada para o desafio proposto pelo poeta, o meu eu intelecto busca por novas energias inspiradoras, mas o rio que percorre é pequeno e dos seus afluentes não brota o líquido regenerador que ele ansiava, mas, como já aqui devo ter mencionado, a teimosia é um traço inerente à sua personalidade.
Lenta, mas decididamente, principia resolutamente a escrever, deixando a outros o julgamento das suas palavras.
            “Eu sou existência.”…
                                                              Vitor Silva (sob o pseudónimo Mário Jardim)


14 de agosto de 2012

Feira do Livro da Nazaré - Cancelamento da Conversa com o escritor João Tordo

Boa Tarde,

Devido a compromissos profissionais inadiáveis o escritor João Tordo foi forçado a adiar a sua presença na Nazaré, prevista para hoje pelas 22 horas, para uma outra oportunidade. A todos, a Biblioteca da Nazaré e o escritor enviam as suas desculpas pelo incómodo que esta situação possa ter causado.

A Biblioteca da Nazaré

Hoje na Feira do Livro - O Quebra Cabeças



O Quebra-Cabeças

     Ilustração de Mariana Rio

     Texto de Helena Carvalho


  O Quebra-Cabeças nasceu em Março de 2012 como o nº 6 da coleção Notas à Solta editada pela Eterogémeas (Porto).
  O livro, que conta com texto de Helena Carvalho e ilustração de Mariana Rio, dirige-se a um público infanto-juvenil e pretende problematizar as noções de corpo e de beleza. Para aprofundar a sua leitura, foi criado um roteiro com 12 atividades que poderão ser desenvolvidas por pais e educadores em casa, escolas, bibliotecas, ATL, etc., ou pela escritora e/ou ilustradora se solicitado. Trata-se do resultado de um projecto que começou em 2010 e que tem tido um percurso luminoso:

- Finalista, na categoria de ilustração, do CJ Picture Book Awards, Seoul, Coreia do Sul (2010);
- Integrou a lista dos "100 livros para o futuro" que representaram Portugal na recente Feira do Livro Infantil de Bolonha (2012);
- Medalha de mérito atribuída à ilustradora pela 3x3 Magazine of Contemporary Illustration, pelo que irá figurar na 3x3 Children’s Illustration ProShow Annual no final deste Verão (2012).



7 de agosto de 2012

Feira do Livro - Ronda Literária


Na sua terceira edição, esta iniciativa procura conjugar o prazer da tertúlia literária e gastronómica com a descoberta de espaços particulares que abrem as portas aos visitantes, permitindo-lhes um momento único de confraternização e descoberta.

3 de agosto de 2012

Hoje na feira do Livro - O Monge Detective na Abadia de Alcobaça


Este livro juvenil associa os factos históricos ao fantástico, relatando a vida de um jovem noviço da Ordem de Cister, que sonha ser um grande aventureiro. Filipe de Vasconcelos, assim se chama o monge, irá passar por grandes peripécias e perigos e encontrar um pergaminhos secreto, um tesouro medieval e até ajudar a salvar o Rei de Portugal.

2 de agosto de 2012

Recordar a Utopia de Zeca


Hoje o Zeca faria 83 anos...Saudades do Homem e da sua Utopia.


Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
Gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo, mas irmão
Capital da alegria

Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
É teu a ti o deves
lança o teu desafio

Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso, a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio, este rumo, esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?

Hoje na Feira do Livro - Aristides de Sousa Mendes



Os homens são do tamanho dos valores que defendem. Aristides de Sousa Mendes foi, talvez por isso, um dos poucos heróis nacionais do século XX e o maior símbolo português saído da II Guerra Mundial. Em 1940, quando era cônsul em Bordéus, protagonizou a "desobediência justa". Não acatou a proibição de Salazar de se passarem vistos a refugiados: transgrediu e passou 30 mil, sobretudo a judeus. Foi demitido compulsivamente. A sua vida estilhaçou-se por completo. "É o herói vulgar. Não estava preso a causas. Estava preso a uma questão fundamental: a sua consciência", afirma o jornalista Ferreira Fernandes.